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Babilônia

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    A Babilônia surgiu como uma pequena cidade-estado Amorita em 1894 a.C. na região centro-sul da Mesopotâmia. Esta cidade apresentou uma gigantesca expansão durante o reinado de Hamurabi (período próximo de 1850 a.C.), tornando-se uma grande cidade capital de enorme importância na região. Disputando a supremacia da Mesopotâmia com a Assíria situada mais ao norte. No entanto após a morte de Hamurabi, o império babilônico se enfraqueceu rapidamente. O principal idioma era o acádio, devido a grande influência Sumério-acadiana em toda a região, pois o idioma nativo dos povos fundadores da Babilônia (Amoritas e Cassitas) era uma língua isolada Cananeia semítica do noroeste. A linguagem suméria era utilizada mais nos aspectos religiosos e científicos e a linguagem acadiana para o dia a dia.

    A primeira citação da cidade de Babilônia, foi encontrados em um tábua escrita durante o reinado de Sargão da Acádia (2.334-2.279 a.C.). Entretanto ela é citada apenas como um centro religioso e cultural, não era nem um Estado independente ainda. Neste período a Mesopotâmia estava dominada pelo Império Acadiano, entretanto após a queda do Império Acadiano, a região sul da Mesopotâmia foi dominada pelos Gutos durante algumas décadas antes da ascensão do novo Império Sumério (terceira dinastia de Ur), que abrangeu toda a Mesopotâmia, incluindo a Assíria e a Babilônia.

    Na Babilônia existia uma abundância de barro e falta de pedra, o que levou a criação e larga utilização dos tijolos de barro. Templos entre outras estruturas maciças eram construídos de tijolos, o que levou ao desenvolvimento precoce de pilares e colunas feitas com tijolos. Diversos utensílios também eram confeccionados de barro. Tabuas de argila eram utilizadas para a escrita e muitas delas contem até hoje descrições científicas e religiosas. Umas das tábuas mais importante encontradas é o conjunto "Enuma Anu Enlil", que contém o mais antigo texto astronômico conhecido, onde a Tábua de Vênus de Ammi-saduqa lista o acompanhamento do planeta Vênus no céu por um período de cerca de 21 anos. Os babilônicos inventaram o zodíaco e conseguiam prever eclipses solares e lunares, chegando até a propor teorias heliocentristas, sendo essa astronomia base para as astronomias grega, indiana, bizantina, síria, islâmica medieval, entre outros povos da Ásia Central e da Europa Ocidental.

    Outras tábuas contém catálogos de estrelas, constelações e as configurações dos planetas, bem como textos antigos datados de 1050 a.C. sobre medicina. A medicina babilônica juntamente com a egípcia, introduziram os conceitos de diagnóstico, prognóstico, exames físicos, prescrições e tratamentos. Existiam textos contendo listas de sintomas médicos e observações empíricas frequentemente detalhados, juntamente com regras lógicas usadas em combinação de sintomas observados no corpo de um paciente com o diagnóstico e prognóstico.

    Para guardar esses importantes documentos haviam muitas bibliotecas na maioria das cidades e templos, até as mulheres e homens comuns eram incentivados a aprender a ler e escrever. Uma das obras literárias babilônicas mais famosa foi o Épico de Gilgamesh, composto de doze livros, traduzido do sumério original por Sin-Liqi-unninni e organizado mediante um princípio astronômico, onde cada divisão contém a história de uma aventura única na carreira de Gilgamesh.

    O sistema babilônico de matemática era sexagesimal ou um sistema de numeração de base 60 e disto deriva o uso moderno atual de 60 segundos compondo um minuto, 60 minutos compondo uma hora e 360 ​​graus compondo um círculo. Os babilônios foram capazes de fazer grandes avanços na matemática, por duas razões. Em primeiro lugar, o número 60 tem muitos divisores (2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 20, e 30), tornando mais fácil cálculos. Além disso, ao contrário dos egípcios e romanos, os babilônios tinham um sistema de valor similar ao atual, onde dígitos gravados na coluna da esquerda representavam valores maiores. Entre as maiores realizações matemáticas dos babilônios, está a determinação da raiz quadrada de dois corretamente com 7 casas decimais e demonstrações de conhecimento do teorema de Pitágoras muito antes de Pitágoras datando de 1.900 a.C. e chegaram em um valor do número Pi próximo de 3.

    A História da Babilônia dividida em períodos:

    •O Período pré-babilônico ou Sumério-acadiano (5.500-1.894 a.C.): dominou a Mesopotâmia desde os primórdios das civilizações na região, há cerca de 5.500 a.C. A partir de 3.500 a.C. a Mesopotâmia foi dominada cada momento por uma cidade-estado diferente, como Ur, Lagash, Uruk, Kish, Isin, Larsa, Adab, Eridu, Nuzi, Awan, Hamazi, Akshak e Umma, enfraquecendo a civilização como um todo. Até que em 2.330 a.C., com a ascensão do Império Acadiano, as cidades-estados de origem semita como Eshnunna e Assíria passaram a administrar o poder. O Império Acadiano reinou sobre toda a Mesopotâmia e parte do Oriente antigo próximo, até que se desintegrou devido de dificuldades econômicas, mudanças climáticas e guerras civis, sucumbindo finalmente diante ataques dos Gutos oriundos das montanhas de Zagros. Os sumérios retomaram o poder, expulsaram os Gutos e voltaram a reinar na Mesopotâmia, inclusive nos territórios norte, na Acádia e na Assíria.

    Entretanto este domínio sumério durou pouco tempo, em 2.000 a.C., os Amoritas (povos semitas oriundos do deserto sírio-árabe) invadiram o sul da Mesopotâmia e começaram a controlar a maioria das cidades-estados da região, enquanto no norte da Mesopotâmia, os Assírios reconquistavam sua independência. Os estados Sumérios-acadianos não conseguiram conter o avanço dessas civilizações e sucumbiram até a extinção quando Sargão I (1.920-1.881 a.C.) rei da Assíria, concentrou seu exércitos em expansões de colônias assírias na Ásia Menor, deixando o sul para os Amoritas, que formaram diversas cidades-estados poderosas na região, como Isin, Eshnunna e Larsa.

    • Primeira Dinastia Babilônia - A Dinastia Amorita (1.894–1.595 a.C.) ou Período Babilônico Antigo: as terras em que se localizava pequena cidade-estado Amorita conhecida como Babilônia, foi se apropriada por um chefe Amorita conhecido como Sumuabum, dando independência aquela região que era até então dominada pela cidade-estado vizinha Kazallu ou Kazalla (distante 15 km). Sumuabum estava interessado em estabelecer uma cidade-estado entre o mar e as outras cidades-estados da região. Sumuabum nunca recebeu o status de Rei da Babilônia devido a pequena importância da dela na época. Os governantes seguintes da região Sumu-la-El, Sabium e Apil-Sin, também continuaram não sendo mencionados como Reis, restando a Sin-muballit (1.748-1.729 a.C.), pai de Hammurabi, ser considerado oficialmente como o primeiro Rei da Babilônia.

    O Império de Hamurabi (1.728-1.686 a.C.): foi o 6° governante Amorita da Babilônia, no entanto, foi o maior realizador entre eles. Expandiu uma pequena cidade tornando-a em uma grande cidade digna da realeza, estabeleceu um governo centralizado burocrático, com uma tributação criteriosa muito eficiente, libertou a Babilônia da dominância Elamita e os expulsou do sul da Mesopotâmia. Em seguida Hamurabi gradualmente ampliou o domínio babilônico sobre o sul da Mesopotâmia, conquistando as cidades e estados da região, Isin, Larsa, Eshnunna, Kish, Lagash, Nippur, Borsippa, Ur, Uruk, Umma, Adab e Eridu. As conquistas de Hamurabi estabeleceram a paz na região, unindo os estados do sul e do centro da Mesopotâmia em um único grande Império, que só passou a ser conhecido historicamente como Império da Babilônia depois do reinado de Hamurabi.
Hammurabi - AVPH
Rei Hamurabi
    Hamurabi conseguiu estas façanhas através de um exército bem disciplinado e com este poderoso exército ele marchou para o leste conquistando os Elamitas, Gutos e Cassitas, depois marchou para o oeste conquistando os estados Semitas e o poderoso reino de Mari. Em seguida Hamurabi entrou em uma guerra prolongada que durou várias décadas com o Império Assírio sob o comando do rei Ishme-Dagan, que dominava partes da Ásia Menor e regiões norte e central da Mesopotâmia. Até que Hamurabi conseguiu forçar Ishme-Dagan e seu filho herdeiro Mut-Ashkur a se submeterem ao Império Babilônico. Tradicionalmente, o principal centro religioso de toda a Mesopotâmia era a cidade de Nippur, onde o deus Enlil era supremo. No entanto, com a ascensão de Hamurabi, esta honra foi transferida para a Babilônia, passando as honrarias de deus supremo para Marduk (na Assíria e região norte da Mesopotâmia o deus supremo era Ashur). A partir de então a Babilônia ficou conhecida como a "cidade santa", onde qualquer governante legítimo do sul da Mesopotâmia deveria ser coroado.

    Uma das obras mais importantes deste período é o Código de Hamurabi, que é um conjunto de leis escritas elaboradas muito antes a partir de antigos códigos de conduta, criados na Suméria, Acádia e Assíria. Estes códigos foram criados por ordem de Hammurabi logo após a expulsão do Elamitas e início da expansão do império. Um monólito com o Código de Hamurabi foi encontrado por uma expedição francesa em 1901 composta pelos pesquisadores J. De Morgan e V. Scheil na região da antiga Mesopotâmia correspondente a cidade de Susa, atual Irã.

Código de Hamurabi - AVPH
Monólito com o Código de Hamurabi.

    Essas leis abordavam diversos assuntos:
- Calúnia => Lei nº 127: "Se alguém" apontar o dedo "a uma irmã de um deus ou a esposa de qualquer um, e não puder prová-lo, este homem será levado diante dos juízes e sua sobrancelha deverá ser marcada."
- Comércio: => Lei nº 265: "Se um pastor, cujo cuidado do gado ou ovelhas foram confiadas, for culpado de fraude e de fazer falsas com relação ao crescimento natural, ou vendê-las por dinheiro, então ele deve ser condenado e pagar ao proprietário dez vezes o valor da perda. "
- Escravidão: => Lei nº 15: "Se alguém tomar um escravo homem ou mulher, da corte ou de um homem livre, do lado de fora dos portões da cidade, ele deverá ser condenado à morte."
- Os direitos dos trabalhadores: => Lei nº 42: "Se alguém tomar um campo para cultivar e este não obter nenhuma colheita, deve ser provado que ele não fez o trabalho no campo, e ele deverá entregar os grão correspondentes para o proprietário do campo."
- Roubo: => Lei nº 22: "Se alguém está cometendo um roubo e for pego, então ele deverá ser condenado à morte."
- Comida: => Lei nº 104: "Se um comerciante der há um agente milho, lã, óleo ou quaisquer outros bens para transporte, o agente deve dar um recibo pela quantia e compensar o comerciante por este recibo depois do transporte realizado".
- Lei de talião (olho por olho, dente por dente): => Lei nº 196: "Se um homem destruir o olho de outro homem, o seu olho deverá ser destruído. Se alguém quebrar um osso de um homem, seu osso deverá ser quebrado."
- Punições: => "Se um filho bater em seu pai, suas mãos deverão ser cortadas."

    •O Declínio Babilônico (1.686-1.595 a.C.): Após a morte de Hamurabi em 1686 a.C., sob o comando de seu sucessor Samsu-Iluna (1.686-1.648 a.C.) o império começou a desintegrar-se rapidamente. No 9º ano de reinado de Samsu-Iluna, um rebelião interna liderada por Rim-sin II se espalhou por diversas cidades-estado, entre elas Larsa, Uruk, Ur, Isin, Kisurra, e Eshnunna. Durante cerca de 4 anos os exércitos de Samsu-Iluna travaram batalhas contra os rebeldes de Rim-sin II, que conseguiram causar inúmeros estragos nas principais cidades-estados. Até que finalmente Samsu-Iluna conseguiu matar Rim-sin II em Larsa, pacificando assim essa luta interna.

    Contudo essas batalhas internas exauriram as forças do exército babilônico, abrindo caminho agora para invasões externas. No sul, os acadianos sob o comando do Rei Ilum-ma-ili (que alegava possuir descendência do último rei de Isin) levantaram uma revolta na suméria e conseguiram conquistar diversas outras cidades-estados. A primeira batalha entre os dois exércitos na suméria terminou empatada, entretanto a segunda concedeu vitória Ilum-ma-ili. Samsu-Iluna adotou uma postura defensiva após esta derrota e construiu 6 fortalezas na região de Nippur, mas logo após a sua morte Nippur em 1.648 a.C. a cidade-estado de Nippur reconheceu Ilum-ma-ili como rei.

    No norte, se aproveitando das diversas batalhas que estavam ocorrendo por todo o império, surgiram revoltas na Assíria que derrubaram o regente vassalo da Babilônia Asinum do poder e foi iniciada uma guerra civil. Samsu-Iluna tentou mas não conseguiu pacificar a revolta e um rei chamado Adasi criou uma dinastia nativa estável na Assíria sem mais a influência babilônica. No final, Samsu-Iluna ficou com um reino que foi apenas uma fração do que um dia seu pai tinha conquistado 50 anos antes.

    Abi-Eshuh sucessor de Samshu-Iluna fez uma tentativa de recapturar a região da suméria, entretanto foi derrotado pelo rei Damqi-ilishu II. no final de seu reinado Abi-Eshuh viu a civilização da Babilônia encolher para uma pequena e fraca nação que pelo menos era ainda bem maior e desenvolvida do que a Babilônia anterior a Hamurabi. Abi-Eshuh foi sucedido por Ammi-Ditana e depois Ammisaduqa, mas ambos estavam em posições muito fracas para tentar qualquer esboço de recuperação de territórios, se contentando apenas com pacíficos projetos de construção na Babilônia. Samsu-Ditana foi o último governante amorita da Babilônia. No início de seu reinado, ele viveu sob a pressão do Cassitas (um povo originário nas montanhas do noroeste do Irã). Algum tempo depois em 1.595 a.C. a Babilônia foi atacada pelo Império Hitita. Shamshu-Ditana foi derrubado pelo rei hitita Mursili I. Os hititas não permaneceram por muito tempo no governo da Babilônia, mas a destruição causada por eles finalmente permitiu que o Cassitas conquistassem a cidade.

    • A terceira dinastia da Babilônia ou A Dinastia Cassita (1.595-1.155 a.C.): Essa dinastia Cassita foi fundada por pelo líder Gandash de Mari, que comandava esse povo que não era originalmente nativo da Mesopotâmia, tendo se originado nas Montanhas Zagros (atual noroeste do Irã) e que possuíam aparência caucasiana e linguagem própria não semita que provavelmente se originou na Ásia Menor, sendo que os principais líderes desse povo possuíam nomes indo-europeus. Os Cassitas renomearam a cidade de Babilônia para "Kar-Duniash" e seu governo sob a cidade durou 576 anos, sendo a mais longa dinastia da história babilônica. A cidade continuou a ser a capital do reino e uma das cidades "sagradas" mais importantes da Ásia ocidental, contudo a maioria dos atributos divinos atribuídos aos reis da Babilônia desapareceu, pois o título de Deus nunca foi dado a um soberano Cassita. Durante este período a Babilônia se mostrou relativamente fraca, sendo constantemente dominada e sob forte influência Assíria e Elamita.

    Agum II assumiu o trono da Babilônia para os Cassitas em 1595 a.C. e governou o enorme estado, que se estendia desde o atual Irã até o Eufrates, esse novo rei manteve relações pacíficas com a Assíria, mas enfrentou com êxito uma guerra com o Império Hitita na Ásia Menor e após 24 anos de lutas, conseguiu recuperar a estátua sagrada de Marduk, esse deus passou a ser igual à divindade Cassita Shuqamuna. Agum II foi sucedido por Burnaburiash I, que elaborou um tratado de paz com o rei Assírio Ashur Puzur III, e dessa forma, teve um reinado longo e sem grandes conflitos, como também fez seu sucessor Kashtiliash III. Foi sucedido por Ulamburiash que conquistou a Primeira Dinastia Terramar, sendo sucedido por Agum III. Agum III estendeu os domínios cassitas mais para o sul, conquistando a cidade-estado pré-árabe de Dilmun. O soberano seguinte Karaindash fortaleceu os laços diplomáticos com o rei assírio Ashur-bel-Nisheshu e com o Faraó egípcio Tutmósis III e protegeu melhor as fronteiras babilônicas com o Elam.

    Kadashman-harbe I sucedeu Karaindash e conseguiu brevemente invadir o Elam, entretanto foi expulso pelo rei Tepti Ahar e necessitou retornar para defender Uruk que estava sendo saqueada por povos semitas. Para evitar novos saques na região, foram construídas fortalezas nas montanhas Hihi, (deserto a oeste e atual Síria) como postos avançados de defesa, foram cavados poços, irrigada a terra tornando-as mais férteis e aumentada a produção agrícola. Kurigalzu I sucedeu ao trono e logo entrou em conflito novamente com Elam. Hur-batila havia sucedido ao trono de Tepti Ahar no Elam e decidiu contra-atacar a Babilônia invadindo-a, enfrentando Kurigalzu em Dūr-Šulgi. Kurigalzu derrotou e capturou Hur-batila, que nunca mais foi mencionado em inscrições. Em seguida Kurigalzu conquistou as terras do leste, saqueando a capital do Elam, a cidade de Susa. Após o saque um governante fantoche foi colocado no trono Elamita sob o comando babilônico. Kurigalzu I manteve sabiamente relações amistosas com a Assíria, com o Egito e com os Hititas durante todo o seu reinado. Kadashman-Enlil I (1.374-1.360 a.C.), o sucedeu ao trono e manteve suas políticas diplomáticas.

    Burnaburiash II subiu ao trono (1.359–1.333 a.C.) e também manteve relações amistosas com o Egito e com Suppiluliuma I, governante do Império Hitita, mas com o ressurgimento do Império Assírio Médio, que começou a invadir o norte da Babilônia, Burnaburiash se viu obrigado a intensificar as relações e se casou com a filha do poderoso rei Assírio Ashur-uballit I como um símbolo de paz. Ele foi sucedido por Kara-hardash (1.333 a.C.), que era metade Assírio e metade Babilônico, contudo um usurpador chamado Nazi-Bugash (1.333 a.C.) derrubou Kara-hardash do poder matando-o e assumindo o trono. O rei Assírio Ashur-uballit I, avô de Kara-hardash, furioso invadiu e saqueou a Babilônia, matou Nazi-Bugash e anexou a Babilônia ao império Assírio, colocando Kurigalzu II (1.332-1.308 a.C.) como seu governante vassalo. Kurigalzu II era filho de Burnaburiash II (irmão de Kara-hardash) e lutou ao lado de Enlil-nirari da Assíria na batalha de Sugagi contra Nazi-Bugash. Os sucessores seguintes Nazi-Maruttash (1.307–1.282 a.C.), Kadashman-Turgu (1.281–1.264 a.C.), Kadashman-Enlil II (1.263–1.255 a.C.), Kudur-Enlil (1.254–1.246 a.C.) e Shagarakti-Shuriash (1.245–1.233 a.C.), se mantiveram sob domínio assírio tentando se libertar, formando até parcerias com os Hititas e os Mitanis, que também estavam em partes sob domínio assírio.

    Kashtiliash IV (1.232–1.225 a.C.) foi atacado pelo rei assírio Tukulti-Ninurta I, que invadiu, saqueou e incendiou a Babilônia. Tukulti-Ninurta I se nomeou rei da Babilônia, se tornando o primeiro mesopotâmico nativo a governar a cidade-estado, em seguida levou Kashtiliash para Ashur como um prisioneiro de guerra. Um governador assírio chamado Enlil-nadin-shumi (1.224 a.C.) foi colocado no trono para governar como vice-rei de Tukulti-Ninurta I, entretanto Enlil-nadin-shumi governou por apenas um ano e foi substituído por Kadashman-Harbe II (1.223 a.C.) que também teve um governo bem pequeno, sendo sucedido por Adad-shuma-iddina (1.222–1.217 a.C.), ambos como vices-rei de Tukulti-Ninurta I. Adad-shuma-usur (1.216–1.187 a.C.) também governou como vice-rei da assíria, entretanto no meio de seu governo ocorreu a morte por conspiração de Tukulti-Ninurta I em 1.207 a.C., gerando diversos conflitos internos na Assíria, que culminaram na sucessão de Ashur-nirari III em 1.203 a.C. Aproveitando-se dessa instabilidade Adad-shuma-usur se desvinculou do domínio assírio deixando apenas a região norte sob essa influência.

    Meli-Shipak II (1.186–1.172 a.C.) sucedeu ao trono e passou por um período pacífico, mesmo não recuperando o norte da Babilônia e não perdendo nenhum território. Ele foi sucedido por Marduk-apla-iddina I (1.171-1.159 a.C.) que reiniciou as guerras na tentativa de recuperar o norte da Babilônia e seu sucessor Zababa-Shuma-iddin (1.158 a.C.) manteve a estratégia e entrou em guerra com os elamitas também. Ele foi sucedido por Enlil-nadin-ahi (1.157–1.155 a.C.) que não conseguiu manter a batalha nas diversas frentes e acabou perdendo os territórios do norte para o rei assírio Ashur-Dan I e foi derrubado do poder pelo rei elamita Shutruk-Nahhunte, que além de tomar a maioria das cidades-estado da Babilônia, matou o rei Enlil-nadin-ahi colocando um fim na dinastia Cassita sob a Babilônia. Muitas obras poéticas foram encontradas lamentando este desastre, pois apesar da perda de territórios, a fraqueza militar, e a evidente redução na alfabetização e cultura do povo, a dinastia Cassita foi a mais longa da Babilônia.

    • A quarta dinastia da Babilônia ou segunda dinastia de Isin (1.155-1.026 a.C.) - A Idade do Ferro: Os Elamitas não permaneceram no governo da Babilônia por muito tempo, Marduk-kabit-ahheshu (1.155–1.140 a.C.) fundou a primeira dinastia nativa da Mesopotâmia e dirigiu com sucesso no governo, impedindo qualquer ressurgimento possível por parte dos Cassitas, expulsando os elamitas e elevando o culto ao deus Marduk. Em seu reinado, iniciou uma guerra com a Assíria e teve um sucesso inicial, capturando brevemente a cidade de Ekallatum, entretanto sofreu a derrota enorme nas mãos do rei assírio Ashur-Dan I no final. Foi sucedido por seu filho Itti-Marduk-balatu (1.140–1.132 a.C.) que com sucesso repeliu ataques elamitas e também fez tentativas de ataque a Assíria, falhando em todas elas. Ninurta-nadin-shumi (1.132–1.126 a.C.) assumiu o trono e também tentou uma invasão a Assíria, seus exércitos contornaram pelo leste da Síria e, em seguida, atacaram a cidade assíria de Arbela (Erbil moderna), no entanto foram derrotados por Ashur-resh-ishi I (filho de Mutakkil-Nusku e neto de Ashur-Dan I) e acabaram sendo forçados a um tratado sobre Babilônia.

    Nabucodonosor I ou Nebuchadnezzar I ou Nabu-kudurri-usur I (1.126–1.103 a.C.) foi o rei mais famoso dessa dinastia, segundo a lenda lutou contra os elamitas em uma batalha surpresa contra o Rei elamita Hulteludis-Insusinak que se estendeu até as margens do rio Ulaya, a poeira da batalha escurecia até os céus. Nabucodonosor I venceu a batalha, invadindo o Elam e saqueando sua capital Susa e recuperou a estátua sagrada de Marduk trazendo-a de volta para a Babilônia. O Rei elamita Hulteludis-Insusinak foi assassinado e seu reino desintegrou-se em guerra civil. Esta famosa vitória foi celebrada em hinos, poesia épica e se transformou na profecia de Marduk, sendo criada a Epopeia de Nabucodonosor, que era um documento que contava de forma poética a lendária história da recuperação da estátua de Marduk e que foi transformada em hinos que glorificavam as realizações militares da Babilônia. Nabucodonosor I realizou um acordo de cordialidade com o rei Assírio Ashur-resh-ishi I, entretanto após as vitórias no Elam, Nabucodonosor I realizou duas campanhas militares contra as fortalezas fronteiriças de Zanqi e Idi da Assíria, devido violações do acordo de cordialidade. A primeira campanha consistiu em um cerco a fortaleza que foi interrompido devido a chegada da força principal do exército de Ashur-resh-ishi I que possuía maior número, provocando a retirada do exército de Nabucodonosor I. A segunda campanha consistiu em uma batalha direta entre as forças militares, na qual Ashur-resh-ishi I saiu vitorioso, conseguindo capturar o grande marechal babilônico Karastu. Nos últimos anos de seu reinado, Nabucodonosor I se dedicou a obras de construção pacíficas e para segurança das fronteiras da Babilônia.

Nabucodonosor I - AVPH
Nabucodonosor I.

    Nabucodonosor I foi sucedido por seu filho Enlil-nadin-apli (1.103–1.100 a.C.) que inicialmente perdeu diversos territórios para a Assíria. Até que Marduk-nadin-ahhe (1.100–1.082 a.C.) seu tio e irmão de Nabucodonosor I se revoltou e com a ajuda dos nobres da cidade-estado de Assur derrubou Enlil-nadin-apli do poder, assumindo o trono da Babilônia. Marduk-nadin-ahhe continuou a guerra contra a Assíria, conseguindo algumas vitórias iniciais, contudo, sofreu uma enorme derrota contra o rei assírio Tiglath-pileser I, que conquistou mais territórios babilônicos para o Império Assírio. No final de seu reinado Marduk-nadin-ahhe enfrentou uma fome terrível devido a falta de alimentos na Babilônia, essa debilidade foi aproveitada por tribos semitas que começaram a invadir a Babilônia. Marduk-shapik-zeri (1.082–1.069 a.C.) possivelmente irmão mais novo de Nabucodonosor I e Marduk-nadin-ahhe foi o sucessor ao trono e tentou estabelecer a paz assinando um tratado com rei assírio Ashur-bel-kala. Entretanto o sucessor ao trono seguinte Kadasman-burias quebrou o tratado, levando o rei assírio Ashur-bel-kala a invadir Babilônia e derrubar Kadasman-burias do poder, colocando seu genro Adad-apla-iddina (1.069–1.046 a.C.) como vassalo no governo da Babilônia. O domínio assírio continuou com os outros governantes vassalos sucessores Marduk-ahhe-Eriba (1.046 a.C.) e Marduk-zer-X (1.046–1.033 a.C.) até que uma guerra civil na Assíria seguida de uma guerra com os Sírios, permitiu que os babilônios se libertassem do domínio assírio. Nabu-shum-libur (1.033–1.026 a.C.) sucedeu ao trono e sucumbiu alguns anos depois as invasões de tribos de Arameus (Sírios), que eram um povo semita originário além da fronteira noroeste da Babilônia conhecida como Aram, provocando o fim dessa dinastia e um estado de anarquia (sem governo ou regente) na Babilônia por mais de 20 anos.

   • Período do Caos (1.026-911 a.C.): Diante de um estado anárquico na Babilônia, no norte o rei Assírio Ashur-nirari IV viu a oportunidade e atacou a Babilônia em 1.018 a.C., invadindo e capturando a cidade de Atlila e algumas outras regiões do norte, no sul da Mesopotâmia um clã Cassita liderado por Simbar-shipak, se separou criando a V Dinastia (1.025-1.008 a.C.), contudo o trono foi usurpado por Ea-mukin-zeri (1.008 a.C.) e logo em seguida ocupado por Kashshu-nadin-ahi (1.008-1.004 a.C.). Esta dinastia foi logo substituída por outra dinastia Cassita, a VI Dinastia (1.003-985 a.C.), composta pelos reis Eulmash-shakin-shumi (1.004-987 a.C.), Ninurta-kudurri-usur I (987-985 a.C.) e Shirikti-shuqamuna (985 a.C.). Os Elamitas sob o comando do rei Mar-biti-apla-usur verificando a fragilidade da região sul aproveitaram para invadir e fundar a VII Dinastia (985-979 a.C.), entretanto novas invasões de tribos de Arameus (Sírios) também se aproveitando dessa fragilidade devastaram a Babilônia. A VIII Dinastia (979-943 a.C.) foi restaurada pelo nativo Nabu-mukin-apli e foi logo seguida pela IX Dinastia (943-732 a.C.) com o governo de Ninurta-kudurri-usur II (943 a.C.), Mar-biti-ahhe-iddina (943-920 a.C.), Shamash-mudammiq (920–900 a.C.).

    O período seguinte da IX Dinastia segue sob grande influência assíria com os governantes Nabu-shuma-ukin I (900–888 a.C.), Nabu-apla-iddina (888–855 a.C.), Marduk-zakir-shumi I (855–819 a.C.), Marduk-balassu-iqbi (819–813 a.C.), Baba-aha-iddina (813–811 a.C.), existiram 5 reais vassalos não muito identificados no período de 811–800 a.C., seguidos por Ninurta-apla-X (800–790 a.C.), Marduk-bel-zeri (790–780 a.C.), Marduk-apla-usur (780–769 a.C.) um líder caldeu se aproveitando um período de guerra civil na Assíria assumiu o poder subindo ao trono, entretanto foi atacado pelos assírios e derrotado sendo obrigado a governar subjugado. Seu sucessor foi outro caldeu Eriba-Marduk (769–761 a.C.), sucedido por seu filho Nabu-shuma-ishkun (761–748 a.C.), Nabu-nasir (748–734 a.C.) que derrubou os usurpadores caldeus em 748 a.C., Nabu-nadin-zeri (734–732 a.C.) e Nabu-suma-ukin II (732 a.C.). Durante todo este período a Babilônia permaneceu fraca, perdendo territórios e sedendo a invasões sírias, de caldeus, elamitas e dominações assírias.

   • Período do Império Assírio (911-619 a.C.): Em 911 Adad-nirari II (911-890 a.C.) fundou o Império Neo-Assírio e estabeleceu um domínio sob a Babilônia que duraria por quase de 300 anos. Adad-nirari II atacou e derrotou Shamash-mudammiq da Babilônia, anexando diversas regiões centrais e do norte da Mesopotâmia, em seguida conquistou mais territórios do sucessor da Babilônia Nabu-shuma-ukin I . Adad-nirari II foi sucedido por seu filho Tukulti-Ninurta II (891-883 a.C.) que devolveu à Assíria a antiga grandeza e conquistou os Arameus em seu centro Nísibis junto ao rio Eufrates e do afluente Habur, chegando até a cidade de Harã. Foi sucedido por seu filho Ashur-nasir-pal II (884-859 a.C.) que também estendeu o domínio assírio a norte e a leste, forçando a Babilônia a vassalagem. O sucessor seguinte foi seu filho Shalmaneser III (859–824 a.C.) que saqueou a Babilônia, matou o governante Nabu-apla-iddina, subjugou os Arameus, Caldeus, entre outros povos, colocando Marduk-zakir-shumi I (855–819 a.C.) seguido por Marduk-balassu-iqbi (819–813 a.C.) como seus reis vassalos na Babilônia.

   O sucessor de Shalmaneser III, foi seu filho Shamshi-Adad V (824–811 a.C.), após sua morte o governo foi seguido por período de regência de sua esposa Shammu-ramat (811–808 a.C.), pois seu filho Adad-nirari III (808–783 a.C.) ainda era muito pequeno. Este foi sucedido por seu filho Shalmaneser IV (783–773 a.C.) e os reis seguintes foram Ashur-Dan III (773–755 a.C.) filho de Shalmaneser IV, Ashur-nirari V (755–745 a.C.) filho de Adad-nirari III, Tiglath-Pileser III (745–727 a.C.) filho de Ashur-nirari V que em 729 a.C., decidiu declarar que a Babilônia teria o rei da Assíria como governante direto ao invés de permitir que reis babilônicos fossem reis vassalos da Assíria, como seus antecessores tinham feito durante 200 anos, criando assim, a X Dinastia da Babilônia. Shalmaneser V (727–722 a.C.) filho de Tiglath-Pileser III o sucedeu, seguido por Marduk-apla-iddina II (722–710 a.C.) que foi um rei Caldeu, o Bíblico Merodach-Baladan, sucedido por Sargon II ou Sharrukin II (710–705 a.C.), Sennacherib (705–703 a.C.) rei assírio que colocou como vassalo Marduk-zakir-shumi II (703 a.C.) no trono da Babilônia, seus sucessores foram Marduk-apla-iddina II (703 a.C.), Bel-ibni (703–700 a.C.), Ashur-nadin-shumi (700–694 a.C.), Nergal-ushezib (694–693 a.C.) que foi um governante Elamita que assassinou Ashur-nadin-shumi, foi sucedido por Mushezib-Marduk (693–689 a.C.). Em 689 a.C. O rei assírio Sennacherib (689–681 a.C.) atacou a Babilônia e assumiu como rei novamente, seus sucessores foram Esarhaddon (681–669 a.C.), Ashurbanipal (669–631 a.C.), Ashur-etil-ilani (631–627 a.C.), Sin-shumu-lishir (626 a.C.) e Sin-shar-ishkun (627–612 a.C.), quando ocorreu a queda da capital da Assíria Nineveh para os Medos, Citas e babilônios apoiados pelo Egito. Ashur-uballit II (612-608 a.C.) continuou governando por Harã (Harran), até que foi derrotado em 608 a.C. pelos reis Nabopolassar da Babilônia (pai de Nabucodonosor II) e por Cyaxares do Medos.

   • Período da XI Dinastia, Império Neo Babilônico ou Dinastia Caldéia (619-539 a.C.): Em 620 a.C. Nabopolassar ou Nabu-apla-usur (626–605 a.C.) assumiu o controle da cidade de Nippur e algumas regiões do norte com o apoio da maioria dos habitantes. Nabopolassar não conseguiu dominar totalmente a Babilônia, sendo forçado a lutar com um exército de ocupação assíria na Babilônia durante quase 4 anos. No entanto, o rei assírio, Sin-shar-ishkun foi atormentado por revoltas constantes entre seu próprio povo de Nineveh e assim não conseguiu subjulgar Nabopolassar. Em 615 a.C. Nabopolassar, com a ajuda de caldeus, citas, cimérios, sírios e do rei dos medos, persas e partos Cyaxares (que aproveitaram a aliança para também se libertar do domínio Assírio), conseguiu conquistar a Babilônia e em seguida lançar um ataque surpresa os assírios, conquistando as principais cidades assírias como Ashur, Arbela (Irbil moderna), Guzana, Dur Sharrukin (Khorsabad moderna), Imgur-Enlil, Nibarti-Ashur, Kar Ashurnasipal e Tushhan em 614 a.C. Sin-shar-ishkun conseguiu resistir na capital Nineveh até 612 a.C., quando após um cerco prolongado, seguido da invasão de Nineveh e na morte do rei assírio Sin-shar-ishkun. Ashur-uballit II que era um membro importante da família real, assumiu o trono e conseguiu abrir caminho lutando e fugir para a cidade do norte da assíria Harran, foi lhe oferecida vassalagem pelos líderes da aliança, no entanto esta foi recusada e com a ajuda do Faraó egípcio Necho II (os egípcios eram vassalos da assíria com medo de que com a queda da assíria, o Egito seria o próximo). Harran foi capturado pelos babilônios em 610 a.C. e a luta continuou na nova capital Carquemis ou Carchemish nas margens do rio Eufrates até que em 608 a.C. as forças assírias e egípcias combinadas foram derrotadas , a Assíria deixou de existir como um poder independente e o Egito se retirou.

    A sede do império foi transferida para a Babilônia novamente, desde Hammurabi a mais de mil anos antes isto não ocorria. Nabopolassar foi seguido por seu filho Nabucodonosor II ou Nebuchadnezzar II (605-562 a.C.), cujo reinado de 43 anos fez a Babilônia ser mais uma vez a dona da maior parte do mundo civilizado. Os citas e cimérios, que foram antigos aliados da Babilônia na época de Nabopolassar, agora haviam se tornado uma ameaça, obrigando Nabucodonosor II a marchar para a Ásia Menor e subjugar suas forças, conquistando assim o norte para seu império. Os egípcios tentaram se opor a Nabucodonosor II na tentativa de criar seu próprio império, eles foram atacados pelos babilônicos e foram forçados a recuar até o Sinai. Nabucodonosor II tentou conquistar o Egito como seus antecessores Assírios, contudo uma série de rebeliões de judeus e fenícios, o obrigaram a recuar. Os árabes dos desertos ao sul da Mesopotâmia e cidades como Tiro, Sidon e Damasco foram também conquistados.

Nabucodonosor II - AVPH
Nabucodonosor II.

    Após a batalha de Carchemish, o exército egípcio de Faraó Neco II foram ajudadas pelas forças do rei Jehoiakim de Judá (609–598 a.C.) também conhecido como Josias, Joaquim, Jeoaquim ou Yehoyaqim. Nabucodonosor II sitiou Jerusalém e obrigou Jehoiakim ao pagamento de tributos. Jehoiakim se recusou a pagar o tributo, morreu durante o cerco e seu exército foi derrotado em 598 a.C. O corpo de Jehoiakim foi entregue a Jerusalém e foi enterrado de acordo com os costumes dos reis de Judá, perto do túmulo do rei David. Nabucodonosor II então conquistou Jerusalém (Israel ou Reino de Judá), forçando o jovem Rei de Judá Jehoiachin (597 a.C.) também conhecido como Jeconiah, Jeconias, Jeoaquin ou Yehoyakhin ben Yehoyaqim (filho de Jehoiakim), a se render voluntariamente em 597 a.C. O Templo de Jerusalém foi parcialmente saqueado e uma grande parte da nobreza, os oficiais militares e artífices, inclusive o Rei, foram levados para o Exílio ou Cativeiro na Babilônia. Zedequias (597–587 a.C.), Zedekiah ou Tzidqiyahu, tio de Jehoiachin é nomeado por Nabucodonosor II como rei vassalo de Judá. Zedequias liderou uma revolta contra o domínio Babilônico em 587 a.C. e novamente Nabucodonosor II pacifica a revolta e exila os líderes da revolta para a Babilônia, destrói o Templo e arrasa Jerusalém (586 a.C.), fura os olhos de Zedequias e o deixa prisioneiro por toda a vida. A terra de Judá é abandonada com uma boa parte da população indo para o Egito. Nabucodonosor II permitiu ao povo de Judá a liberdade religiosa e estes para manter suas tradições, os registros de sua história e de seu relacionamento com Deus criaram alguns dos Livros do Velho Testamento (Deuteronômio e Pentateuco, Josué, Juízes, Samuel e Reis) escritos hebraicos em longos pergaminhos confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas, formando a primeira grande parte da Bíblia cristã e a totalidade da Bíblia hebraica.

Soldados Babilônicos - AVPH
Soldados Babilônicos de Nabucodonosor II.

    Nabucodonosor II reiniciou ataque aos egípcios do Faraó Amasis em 567 a.C., conseguindo invadir brevemente o norte do Egito. Se casou com a princesa dos Medos (Rainha Amytis) filha de Ciáxares para formar uma aliança, que unificou as dinastias da Babilônia e da Media. Ele se dedicou a manutenção do império e a realização de obras impressionantes na Babilônia. Acredita-se que foi ele quem construiu os famosos Jardins Suspensos da Babilônia, que é considerada uma das 7 maravilhas do mundo antigo. De acordo com as lendas e escritores babilônicos, gregos e romanos antigos, incluindo Berossus, Flavius Josephus, Estrabão, Diodoro da Sicília e Quintus Curtius Rufus, Nabucodonosor II construiu os jardins suspensos para a sua esposa Amytis, porque ela perdeu as colinas verdejantes e vales de sua terra natal. Ele também construiu um grande palácio, que veio a ser conhecida como "a maravilha da humanidade".

Jardins Suspensos da Babilônia - AVPH Jardins Suspensos da Babilônia - AVPH
Jardins Suspensos da Babilônia.

    Berossus (290 a.C.), sacerdote babilônico de Marduk descreveu o reinado de Nabucodonosor II e como foram construídos os Jardins Suspensos da Babilônia durante este reinado. "Neste palácio erigiu passeios muito altos, sustentados por pilares de pedra; e com o plantio de que foi chamado de paraíso pênsil, onde foram platados todos os tipos de árvores. Ele criou a perspectiva semelhante a de um país montanhoso. Ele fez isso para satisfazer a sua rainha, pois ela havia sido criado na Media e gostava de uma paisagem montanhosa." Josephus (37-100 d.C.) citou Berossus, sendo este o único registro de Berossus, o qual os escritos não sobreviveram. Diodoro da Sicília (60-30 a.C.) consultando os textos mais antigos, descreveu os Jardins Suspensos:"Houve também, ao lado da Acrópole, o Jardim Suspenso, que foi construído não por Semiramis, mas por um rei sírio para agradar uma de suas concubinas; ela sendo persa de nascimento, possuía saudades dos prados e das montanhas, pediu então ao rei que imitasse, através do artifício de um jardim plantado, a paisagem da Pérsia".

    Quintus Curtius Rufus (100 d.C.) se refere aos escritos de Cleitarchus (400 a.c.) um historiador que ao escrever a história de Alexandre, o Grande da Macedônia, descreveu também os jardins suspensos "Os babilônios também têm uma cidade enorme, as fundações de suas torres são enormes, no seu cume estão os jardins suspensos, uma maravilha celebrada pelos fábulas gregas. Eles são tão altos como o topo das muralhas e devem o seu charme as muitas árvores altas existentes. As colunas que sustentam todo o edifício estão construídas em rocha e em cima dela existe uma camada plana de pedras cortadas fortes o suficiente para suportar a camada enorme de terra sobre ela e a água usada para irrigação. As árvores são enormes e frutificam abundantemente como se estivessem crescendo em seu ambiente natural. Embora o tempo passe destrutivo para obras da natureza a do homem, mesmo assim este edifício sobrevive intacto, mesmo estando submetido ao peso de uma enorme floresta. O jardim está motando de modo que a distância tem-se a impressão de que as árvores pendem sobre montanhas nativas. Diz a lenda que é o trabalho de um rei sírio que governou a Babilônia. Ele construiu isso por amor a sua esposa, que perdeu as matas e florestas neste país plano e convenceu o marido a imitar a beleza da natureza de sua terra natal com uma estrutura como essa".

    Estrabão ou Strabo (64 a.C. - 21 d.C.) também descreveu sobre os Jardins Suspensos "O jardim possuí forma quadrangular, com abóbadas arqueadas e fundações cobertas de terra que admitem a maior das árvores e sendo construída de tijolo cozido e asfalto. A subida para os andares superiores, terraço e telhados é feita por uma escada e juntamente com estas escadas havia cascatas, por onde a água fluía continuamente do jardim até o rio Eufrates, no qual o jardim estava situado as margens". Filo de Bizâncio (400 d.C.) descreveu as 7 Maravilhas do Mundo Antigo que é utilizada hoje, descrevendo os jardins como "Os chamados Jardins Suspensos tem plantas acima do solo, e são cultivadas no ar, com as raízes acima do do nível normal das árvores, formando um telhado. No topo dos pilares estão situadas enormes palmeiras, ao lado umas das outras como vigas, deixando muito pouco espaço entre elas. Solo profundo abriga muitas variedades são plantadas, árvores de folhas largas e especialmente, plantas com flores, tudo, enfim, é mais alegre e agradável para o espectador. Aquedutos levam água corrente por meio de uma máquina de parafuso de pressão mecânica que é forçado a girar conduzindo a água até os lugares mais altos, permitindo assim que ela flua pelo jardim através dos declives, irrigando o jardim inteiro, que é como um prado verde, repleto de folhas. Exuberante e digno de um rei é o engenho". Acredita-se que os Jardins foram destruídos em algum momento após o primeiro século d.C.

    Nabucodonosor II também construiu o Portal de Ishtar em 575 a.C. no lado norte da Babilônia. Foi o 8º portal da cidade, contudo era o mais magnífico, dedicado à deusa acádia Ishtar, este portal foi considerado durante muito tempo uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, até que foi substituído pelo Farol de Alexandria. Este portal possuía 14 metros de altura e 30 metros de largura.

Portal de Ishtar - AVPH
Portal de Ishtar.

    Amel-Marduk (562–560 a.C.) foi o filho e sucessor de Nabucodonosor II, entretanto seu reinado foi curto, ele é lembrado apenas por libertar o Rei de Judá Jehoiachin após 37 anos preso, acredita-se que tenha sido assassinado por seu sucessor Neriglissar (560–556 a.C.) ou Nergal-sharezer, Nergal-shar-usur, que era genro de Nabucodonosor II e não se sabe ao certo se ele era um caldeu ou babilônio, entretanto seu reinado também foi curto. Ele realizou campanhas militares em Aram e Fenícia, mantendo com sucesso o domínio babilônico na região. Morreu jovem e foi sucedido por seu filho Labashi-Marduk (556 a.C.) que ainda era um menino e foi deposto e morto durante o mesmo ano em uma conspiração liderada por Nabonidus. Nabonidus ou Nabu-na'id (556–539 a.C.) assumiu o trono da babilônia, ele era filho da sacerdotisa Assíria Adda-Guppi e possuía também origem Assíria, nascido na antiga capital Harran. A população da Babilônia se tornou insatisfeita sob o governo de Nabonidus, ele tentou centralizar a religião da Babilônia no templo de Marduk, alienando os sacerdócios locais, desprezou o partido militar colocando sob o comando de seu filho Belsazar (Belsharutsur) também Assírio de nascimento, dedicou grande parte de seu tempo reconstruindo templos na cidade assíria de Harran, sem se preocupar com as defesas da Babilônia, tornado-a vulnerável.

    Em 549 a.C. Ciro (Cyrus), o Grande, o persa Aquemênida "rei de Anshan" em Elam, se revoltou contra seu suserano Rei dos Medos Astyages em Ecbatana e venceu-o, pondo um fim ao Império dos Medos, tornando a facção persa dominante entre os povos iranianos. Ciro havia se tornado o Rei da Pérsia e se envolveu em uma campanha militar para pacificar uma revolta assíria. Ciro marchou então para o sul da Mesopotâmia e entrou em batalha com os babilônios em Opis a beira do rio Tigre, onde os persas foram vitoriosos. As forças militares de Ciro avançaram para a cidade vizinha de Sippar que logo se rendeu, pois, os babilônios se retiraram para o sul para se reagruparem e estabelecer uma linha de defesa perto do rio Eufrates. Ciro continuou avançando, mas dividiu suas tropas e enviou uma força comandada pelo general Gobryas ao sul ao longo do Tigre para tomar a capital de surpresa. As tropas persas chegaram na Babilônia de forma despercebida e pegaram os babilônicos de surpresa, encontrando apenas uma resistência menor perto de um de seus portões. Gobryas invadiu e capturou a Babilônia e o rei Nabonidus, tomando o cuidado para que seus homens não saqueassem ou prejudicassem de qualquer forma a cidade, preservando sua majestosas qualidades para Ciro. A queda do rei deixou o exército babilônico em uma posição insustentável. Ciro venceu as tropas babilônicas restantes comandadas por Belsazar e chegou de forma triunfante a Babilônia em 539 a.C., a qual já se encontrava sob o comando Persa. Gobryas foi escolhido como governador da província de Babilônia do Império Persa, chegando assim ao fim da civilização Babilônica. Um dos primeiros atos de Ciro foi a libertação dos judeus de seu cativeiro, permitindo retornarem para suas casas e alegou ser descendente e sucessor legítimo dos antigos reis babilônicos.

    A história da Babilônia como cidade continua, mesmo sob o domínio persa um governante nativo chamado Nidinta-Bel (522 - 520 a.C.) se nomeou Nabucodonosor III e conseguiu recuperar brevemente a independência da Babilônia, a Assíria também se rebelou nesse período, entretanto após 2 anos sofreram um ataque devastador do rei persa Dario I ou Darius I que recuperou o domínio na região, implantando o Zoroastrismo e alterando de vez o modo de vida babilônico. A cidade da Babilônia ficou sob domínio persa até 333 a.C., quando Alexandre, o Grande, da Macedônia derrotou o rei Persa Darius III (336 – 330 a.C.). Alexandre entretanto morreu em 323 a.C. no palácio de Nabucodonosor II na Babilônia, partilhando seu reino entre seus generais. A cidade da Babilônia foi deixada para Seleucus I Nicator ou Seleuco I Nicator, criando assim o império Seleucida. De acordo com Plutarco, Seleuco (190 a.C.) propoz e provou um modelo heliocêntrico do movimento planetário da Terra, onde a Terra girava em torno do seu próprio eixo, que por sua vez, girava em torno do Sol, mas não se sabe quais os argumentos que foram utilizados para provar esta teoria na época. Em 150 a.C. o rei parta Mithridates se interessou pela região e diversas batalhas começaram a ser travadas. Em 118 d.C. os romanos também se interessaram pela região iniciando conflitos. Após 200 d.C. o cristianismo surgiu influenciando a região e a partir de 700 d.C. ocorreu a conquista islâmica que permanece até os dias atuais.

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