A Cultura Badariana (5.000-4.000 a.C.) cujo nome tem origem no local onde foram
descobertos seus vestígios, El-Badari nas margens do Rio Nilo, entre Matmar e Qau, aproximadamente 200 km
a noroeste de Luxor, abrangendo uma área de 30 km a oeste do Nilo. Era um civilização primitiva que
habitou o Alto Egito e Deserto do Saara Oriental durante o período Neolítico ou Era Pré-dinastica do Egito.
Foram encontradas evidências de que esta cultura já praticava a agricultura e conseguiu implementar diversos
avanços nessa área, bem como, na estruturação da complexidade da sociedade da época, que contribuiu
significativamente em diversar características avançadas da Civilização Egípcia que surgiria
posteriormente. Essa cultura foi primeiramente investigada pelos cientitstas Guy Brunton e Gertrude
Caton-Thompson entre os anos de 1922 a 1931.
Os assentamentos badarianos eram sazonais (Cerca de quarenta assentamentos e seiscentos
túmulos foram localizados), sendo compostos por cabanas construídas a partir de materiais leves, onde algumas
possuíam até lareiras e currais, quase sempre haviam alguns poços para fornecimento de água e construções
forradas com materiais fibrosos que deveriam ser silos para o armazenamento de grãos. Existiam também os
cemitérios que se localizavam próximos dos assentamentos, entretanto fora das áreas habitacionais, que eram
constituídas por covas de formato ovalado ou circular, possuindo pouca profundidade, contendo quase sempre
esteiras e almofadas de palha, pele ou tecido abaixo dos mortos. Os corpos eram posicionados voltados para
a esquerda e com a cabeça virada para o sul, levando consigo alguns pertences que os representavam ou que
eram considerados valiosos para o morto, como ferramentas, armas, animais (como bovinos, chacais, gazelas,
ovinos e caprinos), cerâmicas, crânios de animais, entre outros, demonstrando cuidados com o morto para
uma vida após a morte. Através desses "pertences" enterrados com os mortos, foi possível verificar que já
nessa época, existia uma estratificação social, onde os membros mais prósperos da comunidade levavam
consigo itens mais sofisticados e valiosos, sendo enterrados em locais separados no cemitério, onde ficariam
os túmulos mais ricos.
A economia Badarian foi baseada principalmente na agricultura, pesca e pecuária. Os
principais restos de animais encontrados eram de bovinos, cães, ovelhas e caprinos, e as principais culturas
cultivadas eram o trigo, cevada, lentilhas e tubérculos, essas atividades eram complementadas pela caça
pricipalmente de gazelas e crocodilos e pela pesca. Fabricavam ferramentas baseadas em raspadores,
perfuradores, machados, foices bifaciais e pontas de flechas de base côncava feitas em sílex e quartzo,
agulhas, alfinetes e furadores confeccionadas a partir de ossos de animais, bem como utensílios a base de
cerâmica de paredes finas como taças, estatuetas e tigelas, as quais eram ornamentadas com ondulações, polidas,
temperadas e as vezes até decoradas com estilos florais e pintadas de vermelha, marrom e preto.
Confeccionavam também outros utensílios a base de Marfim, como pentes, grampos, pinos, contas, colheres,
estatuetas, a base de cobre, como ferramentas e pinos. muitos outros materiais já eram explorados e
fabricados como pigmentos, vasos, casca de ovo de avestruz, conchas, lápislazúli e os primeiros exemplos de
vidro a base de esteatita. Diversos desses materiais e itens não existiam na região, mostrando que muito
provavelmente vieram através de comércio com outros povos da Mesopotâmia, Palestina, Mar Vermelho (conchas),
Baixo Egito (vasos), Sinai (turquesa), Síria e Da região da Núbia (marfim de elefantes).
As origens desse povo é bem diversificada, pois o elevado nomadismo praticado
anteriormente levaram os ancestrais deles a diversas regiões desde o deserto ocidental, até o sul em Mahgar
Dendera, Armant, ELKAB e Nekhen e até o leste em Wadi Hammamat, essa região foi denominada pelos gregos como
Hierakonpolis. Sendo a cultura precedente a badariana nessa região a cultura Faiyum e a cultura seguinte a
cultura Amratiana.
Referências:
- "Ancient Egyptian Culture: Paleolithic Egypt". Emuseum. Minnesota: Minnesota State University, 2010.
- Bard, Kathryn, ed. (2005). Encyclopaedia of the Archaeology of Ancient Egypt. Routledge. ISBN 0415185890.
- Brunton, Gertrude; CatonThompson (1928). The Badarian Civilisation and Predynastic Remains near Badari.
British School of Archaeology in Egypt. ISBN 9780404166250.
- Shaw, Ian, ed. (2000). The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press, p.479,
ISBN 0198150342.
- Watterson, Barbara (1998). The Egyptians. WileyBlackwell, p. 31, ISBN 0631211950.
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